Tecer da Vida

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A Quaresma, no cristianismo, é o período que vai da quarta-feira de cinzas ao sábado de Aleluia. Para os católicos, é tempo de jejuar. Pessoalmente, não vejo como coerente a prescrição de jejuar em nome da religião, já que Jesus (segundo os Evangelhos) demonstrou inúmeras vezes que esse tipo de regras e rituais opunha-se à busca da própria essência, e serve muito mais para afastar do que para unir as pessoas.
Independente de minhas opiniões, o fato é que muitas pessoas jejuam nessa época do ano, como um caminho para aproximá-las da divindade. O bom disso é poder exercitar a vontade. A vontade é uma potência do humano que permite que alguém exerça uma ação no mundo. Não se trata simplesmente do que chamamos habitualmente de vontade, como ‘estou com vontade de ir ao cinema’, ou ‘não estou com vontade de fazer nada’. Antes, é algo profundamente enraizado no Eu interior. Na medicina chinesa, a vontade está ligada à essência e à vitalidade, e é considerada herança de nossos ancestrais. Quanto mais perdemos a vitalidade, menos conseguimos expressar nossa vontade. E quanto menos expressamos nossa vontade, mais desvitalizados nos tornamos. A vontade é a força de realização de nossos propósitos, sejam eles transcendentais ou banais.
Muitas de nossas ações no mundo são determinadas por circunstâncias externas. Ligo o ar condicionado porque sinto calor, me cubro porque sinto frio. Também agimos pautados por outras pessoas, seja diretamente, ao cumprirmos a ordem de alguém, seja indiretamente, ao realizarmos algo porque alguém fez algo. Em suma, reagimos mais do que agimos. Quando agimos em favor daquilo que acreditamos ser importante para nós mesmos ou para os outros, que acreditamos estar em consonância com nossos propósitos, com nossas intenções, aí então estamos colocando nossa vontade em ação.
Portanto, jejuar por ser uma regra religiosa não significa que seja necessariamente meu propósito. Mesmo porque o jejum da quaresma é de carne vermelha. E quem é vegetariano? Já jejua naturalmente? Tem mais pontos para o céu? Abrir mão de algo que se gosta pode ser um bom exercício da própria vontade e, melhor ainda, fazer algo que você gosta ou gostaria de fazer e vive adiando, um maravilhoso exercício da vontade. Aquela caminhada regular que você está sempre planejando e nunca começa, por exemplo. Marcar efetivamente o dia de parar de fumar é um exercício da vontade extremamente benéfico para sua saúde! Organizar seus escritos e escrever novas poesias trará mais força para a sua vida, e pode trazer mais lirismo para outras pessoas.
A vontade precisa ser exercitada, assim como os músculos numa academia. Vontade requer disciplina, e estipular uma data para iniciar aquilo que você quer realizar é um bom começo. Leia dentro de si mesmo o que você gostaria de tornar em ação e imprima sua vontade no mundo. Você e o mundo agradecerão!

Marcelo Guerra

Marcelo Guerra

O futuro lhe preocupa? Quantas vezes você perdeu o sono de tanto pensar no que vai lhe acontecer? Quanto mais responsabilidades você tem, mais o futuro lhe perturba. Pode haver uma sensação de estar andando sobre um fio estendido num lugar escuro. Em alguns momentos você sente que é plenamente capaz de enfrentar o que aparece. Em outros, você teme fracassar diante de desafios que possam aparecer.

Costumamos lidar com o futuro usando o controle. “Se tudo estiver sob o meu controle, o que pode me assustar no futuro?” Mas o futuro sempre traz alguma surpresa… Não há garantias, não há certezas! Olhamos para o futuro geralmente com os olhos acostumados a padrões de comportamento que trazemos do passado. É como se usássemos óculos coloridos, cada um com a cor que foi criando ao longo da vida.

Dentre esses padrões, você pode se colocar como vítima e pensar “logo alguém vai estragar meu futuro mesmo”. Ou, então, como algoz e pensar “vou acabar machucando alguém de novo”. Esses padrões são exemplos de como podemos delegar a outra pessoa as condições para construirmos nosso futuro. Essa construção é feita com elementos que hoje temos e com aquilo que surge de novo a cada dia – e muitas vezes teimamos em ignorar.

Quais padrões são realmente seus?

Os padrões de comportamento começam a ser construídos na infância, segundo as normas e hábitos que aprendemos em casa e na escola, e pela imitação que fazemos do comportamento dos nossos pais. Isso nos molda de forma profunda e depois é muito difícil modificar a influência que exercem sobre nosso comportamento. Mas muito difícil não significa impossível. Para nos tornarmos indivíduos livres precisamos identificar nossos padrões de comportamento e perguntarmos sobre cada um deles:

  • Isso é meu mesmo ou é do meu pai, da minha mãe, da cidade onde nasci e fui criado?
  • Isso ainda me serve hoje?
  • É isso que eu quero desenvolver e levar adiante na minha vida ou posso trabalhar para mudar esse padrão?

Muitas vezes é preciso da ajuda de um psicoterapeuta, mas um olhar crítico e atento para si, já pode trazer bastante descobertas.

Parece ilógico olhar atentamente para o passado para lidar com o futuro de uma forma mais segura. Contudo, é este passado que modifica a cor das lentes dos óculos que usamos para vislumbrar o futuro. Se as lentes não forem transparentes não veremos com clareza. Lentes cor de rosa vão lhe proporcionar uma visão muito diferente daquele que usa lentes marrons. E nenhuma das duas se aproxima do real.

Após aprender com o passado, é preciso aprender a estar no presente, a estar no momento. O momento é um período de tempo que pode parecer mínimo, mas é eterno, porque estamos sempre nele, embora nossa mente possa estar lá atrás ou lá na frente. É no momento presente que vamos encontrar os elementos com os quais construiremos nosso futuro. Precisamos estar atentos para identificar esses elementos que nos chegam de presente, como as surpresas cotidianas. Nem sempre esses presentes parecem bons, a princípio, mas no desenrolar dos acontecimentos podem se revelar um fator determinante para uma mudança de vida. Um exemplo muito comum disso é uma demissão inesperada. Quantas pessoas ficam felizes ao serem demitidas? Acredito que muito poucas, se é que há alguma. Porém, após um ano de demissão, muitas pessoas podem estar trilhando um caminho profissional mais de acordo com suas próprias expectativas e aptidões e, consequentemente, com maior satisfação no trabalho. Como você vê, o que você mais precisa para acolher o futuro é atenção, estar consciente de como e onde foi criada e de quem é agora, e saber acolher o que cada momento nos reserva de surpresas, para poder florescer quem você deseja ser.

Artigo originalmente publicado em Personare.

caminho5

O trabalho biográfico de base antroposófica busca clarear o sentido da vida, a missão de vida, através do resgate de fatos da vida. Entender a própria história permite transformar o presente, e viver em plenitude dentro da missão de vida que escolhemos para nós mesmos.
<p>O trabalho biográfico lança mão de reflexão individual, resgatando os fatos do passado de cada um; da partilha desses fatos em grupo, onde muitas vezes o outro funciona como espelho; e através da arte, que é a forma de expressão pela qual o Eu interior melhor se expressa. Assim jogamos luz em nossas vivências, e percebemos como nosso destino se manifesta, para podermos fazer as mudanças necessárias em nossas vidas para agir de acordo com ele e sermos mais felizes e saudáveis.</p>
<p align=”justify”><span style=”color: #ff0000;”><strong>Em Juiz de Fora, de 20 a 23 de agosto de 2009, no Seminário da Floresta.</strong></span></p>
<p style=”margin-bottom: 0cm; line-height: 0.39cm;”><strong><span style=”color: #c00000;”><span style=”font-size: small;”><span style=”text-decoration: underline;”>Coordenadores: </span></span></span></strong></p>

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<li>
<p style=”margin-bottom: 0cm; line-height: 0.39cm;”><strong><span style=”font-size: small;”><span style=”text-decoration: underline;”>Rosângela Cunha</span></span></strong></p>
</li>
</ul>
<p style=”margin-bottom: 0cm; line-height: 0.39cm;”><strong><span style=”font-size: small;”>Psicóloga, Gestalt-terapeuta e</span></strong><strong> </strong><strong><span style=”font-size: small;”><span style=”font-style: normal;”>Terapeuta Biográfica </span></span></strong></p>

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<li>
<p style=”margin-bottom: 0cm;”><strong><span style=”font-size: small;”><span style=”text-decoration: underline;”>Marcelo     Guerra</span></span></strong></p>
</li>
</ul>
<p style=”margin-bottom: 0cm;”><strong><span style=”font-size: small;”>Médico Homeopata e Terapeuta Biográfico</span></strong></p>

<p style=”margin-bottom: 0cm;”><span style=”font-family: Gill Sans MT,sans-serif;”><span style=”font-size: medium;”>(<a href=”http://www.formacaobiograficamg.com/&#8221; target=”_blank”>Formação Biográfica – Minas Gerais – Escola Livre de Formação Biográfica</a>
Membro do International Trainers Forum em conexão com a General Anthroposophical Section of the School of Spiritual Science do Goetheanum – Dornach/Suiça.)</span></span>
<p style=”margin-bottom: 0cm;”></p>
<p style=”margin-bottom: 0cm;”>Escreva para <a href=”mailto:santana@terapiabiografica.com.br”>santana@terapiabiografica.com.br</a> ou <a href=”mailto:marceloguerra@terapiabiografica.com.br”>marceloguerra@terapiabiografica.com.br</a> para mais informações. Ou ligue para falar com um de nós:</p>
<p style=”margin-bottom: 0cm;”>(21)7697<span dir=”ltr”>-8982</span>, Marcelo</p>
<p style=”margin-bottom: 0cm;”>(32)8887-8660, Rosângela</p>
<p style=”margin-bottom: 0cm;”>Investimento:</p>

<ul>
<li>até 30 de junho   – R$980,00 ou 4x R$245,00;</li>
<li>até 31 de julho – R$1050,00 ou 3x R$350,00;</li>
<li>até 20 de agosto – R$1150,00 ou 1xR$370,00 + 2x R$390,00</li>
</ul>
A confirmação da inscrição é feita mediante o depósito da primeira parcela. O preço inclui os honorários, o material a ser usado nas vivências, a hospedagem em apartamento individual com alimentação completa durante o período do workshop, e os custos com a divulgação.

tecendo
Cada um de nós nasce com um destino, não como um livro previamente escrito em que cada ato nosso está previsto, mas como uma missão a nós confiada. Isto faz com que a vida tenha um sentido e, muitas vezes, sofremos com angústia ou depressão por não percebê-lo claramente. Os fatos de nossas vidas estão aí para que encontremos o Fio do Destino que, junto com o nosso livre arbítrio, tece os acontecimentos tanto no nosso mundo interior quanto na nossa vida nas comunidades em que vivemos.
Este curso tem o objetivo de buscar o fio do destino de cada um, desembaraçá-lo, tecê-lo de forma diferente, mais confortável, mais de acordo com o sentido que queremos dar para nossas vidas. Para isso trabalharemos com fatos de nossas próprias vidas. Este trabalho será feito com palavras e arte, como aquarela, modelagem em argila, tricô, desenho, contos de fadas, vídeos, teatro, etc. Ninguém precisa ser artista para participar, é claro. Porém será uma oportunidade de apropriar -se da sua obra mais importante: a sua história, tornando-se dono e artífice da mesma. E desta forma, acrescentar detalhes, retocar e dar acabamentos em qualquer momento da sua vida.
Muitas das questões que nos colocamos hoje são percebidas de modo diferente quando as situamos no contexto mais amplo da vida toda. A troca de experiências de vida num grupo é enriquecedora e suaviza os sentimentos ligados a essas experiências. Permite identificações além de possibilitar um olhar de fora, como quando assistimos um filme, sendo testemunhas de fatos comuns, arquetípicos, ao desenvolvimento do ser humano.
Em Niterói, o Tecendo o Fio do Destino será realizado em 8 encontros quinzenais, começando em 17 de março, de 19h às 22h.

  • O valor total do workshop é R$ 680,00, divididos em 4 parcelas (cheques pré-datados) de R$170,00, sendo que a inscrição se dá mediante pagamento da 1ª parcela.
  • Os inscritos até 28 de fevereiro terão um desconto e o custo total passa a ser R$560,00 ou 4 parcelas de R$140,00 (cheques pré-datados).
  • E os inscritos até 14 de março também terão desconto, passando o custo total para R$600,00, ou 4 parcelas de R$150,00 (cheques pré-datados).

O número mínimo de participantes para a realização do curso é de 8 pessoas. Inscreva-se já, pessoalmente na Glia Cultura e Aprendizagem ou pelos telefones (21)3601-2092 e (21)7697-8982. Coordenação: Marcelo Guerra.

Em breve, teremos a definição de datas em que realizaremos o workshop em Nova Friburgo e Juiz de Fora. Fique de olho! Salve o endereço do site nos favoritos do seu navegador e nos visite. As Vagas são limitadas, e já estamos fazendo reservas para essas cidades.

* Em Niterói: Glia Cultura e Aprendizagem

Rua Nilo Peçanha, 142 – Ingá

* Em Nova Friburgo: DAO Terapias

Rua Ernesto Brasílio, 14/408 – Centro

Contatos e informações:
Marcelo: marceloguerra@terapiabiografica.com.br

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De 27 a 30 de Novembro, na Pousada e Spa Vrindávana. Promovido por DAO Terapias.

O objetivo do Trabalho Biográfico é conhecer a sua vida e percorrer os caminhos da sua própria história reconhecendo os fios que te conduziram até o momento. Através do levantamento dos fatos da sua própria vida e da leitura consciente desses fatos, você trabalhará o panorama familiar e individual desde o seu nascimento até o dia de hoje, podendo então reescrever a sua história com linhas e fios mais claros, passando pelo centro do seu próprio destino.

De dentro de sua história, e só assim, é possível você reconhecer sua missão humana e transformá-la em ação consciente no mundo.

Este trabalho será em regime de imersão, de quinta-feira à tardinha a domingo após o almoço, em lugar selecionado para instrospecção e cura.

Coordenação:
¬ Rosângela de Santa Anna Cunha, psicóloga, gestalt terapeuta, terapeuta biográfica.
¬ Marcelo Guerra, médico homeopata e acupunturista, terapeuta biográfico.
www.daoterapias.com.br

Joseph Campbell

Joseph Campbell

Uma Entrevista com Joseph Campbell

Escrito por Josenildo Marques

em 24 Agosto, 2007

A entrevista abaixo foi publicada no The Goddard Journal (vol. 1, nº 4) em 9 de junho de 1968. Nela Joseph Campbell fala sobre metodologia no estudo dos mitos, hinduísmo e o livro que estava para lançar: o quarto volume de As Máscaras de Deus, que é sobre o que ele chama de Mitologia Criativa. Esse livro ainda não foi traduzido para o português, portanto creio que minha tradução dessa entrevista, provavelmente a primeira a ser feita, possa oferecer uma boa introdução ao tema central do livro.

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I – Em seus estudos sobre mitologia, você tem usado seu conhecimento de psicologia e psicanálise para interpretar mitos. Você acha que mais poderia ser conseguido se houvesse maior variedade de metodologias à disposição?

C – Sou contrário a metodologias por que acho que elas determinam o que você vai aprender. Por exemplo, o estruturalismo de Lévi-Strauss. Tudo o que vai achar é o que o estruturalismo permitir que você ache. E um olhar aberto aos fatos que estão na sua frente vai ser impossível dessa maneira. Parece-me que assim ele se fecha para iluminações.

I – É culpa da metodologia em si ou da inabilidade da pessoa para usar a metodologia como uma ferramenta de maneira mais flexível?

C – Sim, sem dúvida, o caminho flexível é o mais apropriado. Você tem que saber correr, andar, parar e sentar-se. Mas se quiser ficar só sentado, então vai limitar sua experiência.

No anos 20 e 30, o funcionalismo estava na moda. Você não podia fazer comparações interculturais; você tinha que interpretar tudo de acordo com o que conhecia da cultura local. Seria como examinar o apêndice no corpo humano para determinar a condição do homem moderno. Você tem que seguir sua origem e descobrir que uso tinha em tempos remotos.

De maneira similar, muitos dos elementos de uma cultura são vestígios de usos anteriores, de funções remotas. E esses homens, por exemplo, Radcliffe-Brown, em seu livro (que considero esplêndido) sobre os habitantes das Ilhas Andamã, falha em entender aqueles mitos. Eles estão todos na frente dele e sua abordagem não responde as perguntas. Tudo que tem que se fazer é um pouco de comparações e se vai descobrir que as interpretações aparecem. Ficando preso a um método, ele limita sua visão e falha na interpretação daquela cultura.

I – Eu suponho que a tendência a totalizar a metodologia na ciência poderia ser comparada ao processo de totalização na religião, na qual a chance de uma revelação é, de alguma maneira, diminuída se não for erradicada porque as estruturas são congeladas, os rituais são congelados. E a vitalidade, o princípio interior de vitalidade, parece ficar estultificado.

C – Bem, concordo com isso plenamente. E eu acho que essa ênfase na estrutura, neste ou naquele método, é um tipo de desdobramento do monoteísmo. E noto que estudiosos judeus são mais inclinados a isso do que os outros. Ele tem que ter apenas um modo de interpretação. Veja os marxistas e os freudianos – e agora vem o estruturalismo de Lévi-Strauss, e nada mais conta. É incrível. É só a nossa panelinha aqui e qualquer prova que não se encaixe deve ser descartada. Tenho uma teoria sobre isso…

I – Lembro-me imediatamente de O Futuro de uma Ilusão de Freud, em que ele discursa sobre a origem do monoteísmo a partir da estrutura, do pai; e sabemos que as famílias judaicas trazem isso da figura paterna. Talvez essa seja uma das raízes psicológicas para esse tipo de abordagem estreita sobre a existência.

C – Exato. Em Totem e Tabu, Freud diz: “Admito que não consigo explicar as religiões matriarcais”. Esqueci a página, mas está em muitas palavras.

I – É algo que ele não consegue entender.

C – Não consegue porque o que ele está seguindo em Totem e Tabu é a horda do pai, o clã do irmão e as religiões patriarcais. Essa é a seqüência lá…Mas, e o culto à Grande Mãe?

No início, a tradição hebraica é a tradição do guerreiro-caçador, não é a de um povo sedentário que cultiva a terra e faz comércio. Entende? E é dessa última que se origina a grande civilização: agricultura, domesticação de animais, não do caçador errante. Os caçadores são todos guiados pelo princípio masculino: é o homem que traz a comida. Os povos plantadores são guiados pelo princípio feminino: a mulher é análoga à terra, que procria e nutre. Portanto, o Dr. Freud, com seu tipo de antipatia patriarcal para com o princípio feminino, não consegue lidar com isso.

I – Eu sei que não se pode ter uma ação trágica sem uma causa primordial, porque sem um objetivo não há como voltar ou até mesmo uma percepção trágica como acontece com Édipo. Não conseguiria imaginar Édipo Rei sendo escrito por um chinês, ou não poderia imaginar algo como Édipo Rei saindo da cultura oriental. Como você explica isso?

C – Tive uma experiência interessante sobre isso. Quando estava na Índia, associei-me por algum tempo a uma companhia de teatro de vanguarda em Bombai que se chamava Unidade de Teatro. Era uma companhia constituída de indianos não-hindus em sua maioria. O colega encarregado da companhia tinha origem árabe e seu associado mais próximo era um judeu indiano. Há uma antiga comunidade judaica na Índia. Muito dos participantes eram parsis. Adivinhe o que estavam apresentando? Estavam apresentando Édipo Rei. Eles tinham sua clientela, que já estava acostumada a assistir o que estavam apresentando. Eu os assisti quando se apresentaram a seu público em Bombai e, alguns meses depois, quando eu estava em Nova Délhi, eles chegaram e apresentaram Édipo Rei a um público totalmente hindu.

Você não acreditaria! Eu estava lá sentado, já tinha estado na Índia o tempo suficiente para entender o ponto de vista do público – e que horror! Aquelas pessoas estavam completamente chocadas. Eu nunca tinha visto tamanho tapa na cara do público. Eles nunca tinham visto uma tragédia grega; nunca tinham visto uma; não sabiam nada sobre a tradição grega.

A ênfase na Índia é para eliminar o ego: ele não existe. Em sânscrito, não há nem mesmo uma palavra para indivíduo. Os indianos não são indivíduos. São membros de uma casta, são membros de uma família. Eles estão em certos grupos etários; e têm certo temperamento; tudo isso são coisas genéricas. Mas lá estava aquela coisa pessoal do tipo mais violento e a quebra de tabus. O público ficou horrorizado.

Você podia ver que era uma absoluta violação de tudo que já pensaram ver no teatro, em qualquer nível, porque não existe algo como a tragédia no Oriente. Como pode existir uma tragédia quando se acredita na reencarnação? A dramaturgia oriental é um tipo de teatro de conto de fadas: nuances amorosas e situações divertidas, mas nada muito sério. Aquele que sofre na tragédia oriental é aquele quem tem que sofrer de qualquer forma. É esse corpo impessoal. Deixem-no ir – quem se importa?

O herói, o tema enfatizado na mitologia hindu, não é a pessoa; é o Shiva reencarnado que nasce e morre. E os gregos transferem isso para a pessoa. No Oriente, a pessoa que falha na sua jornada é um palhaço, um louco. No Ocidente, é um ser humano.

Lembro que, muitos anos atrás, quando eu estava escrevendo o Herói de Mil Faces, quando quer que eu quisesse um exemplo de fracasso, tinha quer dar um exemplo grego. Por que os heróis gregos são aqueles que sofrem. Os heróis orientais são aqueles que estão na jornada através do mito.

I – Estou tentando me lembrar de um exemplo oriental da tragédia grega.

C – Você quer dizer algo que poderia nos dar um tapa na cara como Édipo Rex fez com os hindus?

I – Sim. Lembro-me que, embora não seja um paralelo, no curso da tragédia de Beckett Esperando por Godot. Para mim, a tragédia nessa peça está no público. Beckett tirou tudo, exceto o trágico, e deixando o trágico, só ele resta. É apresentado só o básico, tão completamente reduzido que a ofensa se torna devastadora.

C – Bem, posso dar um exemplo do que tocar o público ocidental tão forte quanto a tragédia ocidental que aquele público hindu assistiu, e é o sacrifício ritual hindu. Num desses sacrifícios, por exemplo, alguém tem que tirar a pele de uma cabra e tem que tomar cuidado para que a cabra fique viva até que a pele seja totalmente tirada.

I – Esse exemplo seria bom.

C – Esse seria, não seria?

I – E a mitologia africana?

C – Ah, é uma mitologia rica. Os treze volumes de Frobenius – The Atlantis – é magnífico. Muito rico.

I – Você fez algum trabalho nessa área?

C – Ah, sim, muito. Mas ela ainda não foi bem coligida em inglês. Os alemães e os franceses fizeram melhor, eu acho, do que os ingleses. A Inglaterra estava mais, sabe, no Congo, com armas e câmeras…

I – Stanley e Livingstone…

C – Sim. Os alemães e os franceses foram até ela. Agora os ingleses estão indo. Para mim, a coisa mais interessante nos estudos africanos recentemente é esse alinhamento da cultura nok com a cultura effie, validando a intuição que Frobenius tinha no início do século, da antiguidade daquele complexo cultural na África ocidental, datando-o em cerca de 1000 a.C. Frobenius foi o primeiro a reconhecer e estudar a África como uma unidade histórica, não apenas como um bando de tribos selvagens.

Por que Frobenius ainda não foi traduzido para o inglês?

C – Eu descobri Frobenius no período em que estava lendo como um louco durante a Grande Depressão, antes de 1932. Por volta de 1939, estava tão entusiasmado que entreguei os livros de Frobenius ao meu agente literário para ver se conseguíamos um editor. Tenho as cartas desses editores: “talvez interessem a alguma universidade afro-descendente, mas…” Por isso Frobenius ainda não foi traduzido. Mas o verdadeiro motivo é que a Sociedade Antropológica Americana não concordava com as proposições dele – ela é um desses grupos monoteístas. Frobenius defendia a idéia da difusão; ele era um difusionista, que é um palavrão para a Sociedade Antropológica Americana. E esse homem que era grandemente respeitado na Europa é desconhecido aqui.

Tenho uma amiga que escreveu livro sobre questões políticas internacionais e foi a um editor que conheço muito bem. O livro foi rejeitado por esse editor porque ela só citava Frobenius.

I – Estou curioso para ver seu quarto volume.

C – O quarto volume vai sair no dia 20 de maio. Daqui a um mês depois de amanhã – e acredite – estou contente. Trabalhei nele por quatro anos. Demorou um ano para os editores conseguirem publicá-lo. Foi um pouco complicado, mas não vai saber quando lê-lo.

I – Você poderia falar um pouco do que trata neste volume?

C – Claro. É um livro que trata do que eu chamo de mitologia criativa. Na mitologia tradicional, à qual os três primeiros volumes são dedicados – a primitiva, a oriental e a ocidental – os símbolos mitológicos são herdados pela tradição e o indivíduo passa pelas experiências como planejado. Um artista criativo trabalha de maneira inversa. Ele passa por uma experiência de alguma profundidade ou qualidade e procura as imagens com as quais representá-la. É o caminho inverso. Por isso o título do livro é Mitologia Criativa.

Ele trata do primeiro problema que é a experiência estética, que eu chamo de “apreensão estética”, e então apresento uma análise da tradição imagética que os artistas modernos europeus herdaram. Temos a antiga tradição da Idade do Bronze; temos as tradições semita e hebraica; temos as tradições clássicas gregas. Também temos as tradições dos cultos de mistério e a tradição gnóstica; temos a tradição muçulmana, que era muito forte na Idade Média; temos a tradição celta e germânica e assim por diante. Esse é todo o vocabulário; é um tesouro maravilhoso no qual o artista vai buscar suas imagens.

De fato, elas vão coagular com ele se ele for um homem meio letrado. As imagens virão e vão se combinar com o que ele está dizendo. E eu cito como meu documento principal a tradição da literatura secular européia dos séculos XI e XII. Para juntar tudo isso, peguei a literatura que lidasse com temas comuns. Os dois temas comuns que, para mim, parecem apresentar uma influência dominante na escritura européia ocidental são o tema de Tristão e o do Santo Graal

. Começo com um grupo de escritores do fim do século XII e início do século XIII. Aí apresento ecos deles, primeiro em Wagner; depois a constelação em volta dele: Schopenhauer e Nietzsche; e seguindo até, é claro, Mann e Joyce

. Então, de maneira geral, vou e volto com o tema da terra devastada.

Rapaz, não é excitante? Esse conflito entre autoridade e experiência individual. Esse é meu tema principal do começo ao fim. E com ele vem a afirmação do indivíduo em sua experiência individual que só é possível hoje no mundo ocidental. Nossa religião foi importada do Levante com seu autoritarismo e até mesmo com a revolução protestante, que foi um tipo de triunfo do espírito individualista europeu, ainda apegado à Bíblia, então você tem que acreditar naquela coisa estúpida escrita Deus-sabe-quando. Mas a verdadeira literatura secular se desliga disso. E esse desligamento acontece com o Graal. É claro que ela começa a florescer justamente na época de Inocêncio III, o mais autoritário dos autoritários, mas acabou – parou bem ali, por volta de 1225-1230. A Inquisição é trazida à baila em 1232 e aí temos que esperar. E aí acontece a grande mudança. É claro que aí tenho que fazer uma ponte. Tenho que ir do começo ao fim. Mas é incrível o quanto devemos a uns poucos que fizeram tudo o que temos, que tiveram a coragem de dizer ‘vocês estão errados’. Eles são meus heróis. Mas temos também uma heroína, a primeira, e é ela quem começa tudo, seu nome é Heloísa. A Heloísa de Abelardo, ela é a rainha do livro. Em suma, é isso.

I – Você achou difícil juntar todas essas coisas e chegar a essas conclusões?

C – Ah, não, nenhum problema; foi o material mitológico que me mostrou tudo isso. Não tive problemas em compor as idéias desses livros porque tenho lido esse material por literalmente quarenta anos. O problema foi comprimir tudo em quatro volumes. Minha intenção inicial era um volume, e foi isso que combinei com a Viking Press. Minha cabeça estava estourando e me lembro vividamente que, num dia de manhã, acordei às quatro da manhã sabendo que eram quatro livros, sabendo sobre o que tratariam, engatinhei para fora da cama, de cabeça, para não incomodar minha esposa, e fui ao quarto de estudos e planejei a coisa toda.

I – Engraçado que tanto William James quanto Freud tiveram experiências semelhantes quando estavam nessa fase criativa. Freud acordou às duas da manhã e James, às três.

C – E eu, às quatro…está vendo?…Por isso eu tinha mais a dizer!

Além disso, permito-me ir mais passionalmente do que ia nos livros anteriores porque realmente penso que o clero merece uma boa sova. Eles sabem que o que eles estão ensinando já ficou para trás, mas ficam tentando trazê-lo de volta. Recentemente tenho tido experiências bem agudas nesse contexto. Aqui estou eu, alguém cuja vida toda foi dedicada à mitologia, e a igreja agora, parece, está interessada em mitologia. Então eles me convidam para esses diálogos e triálogos e tetrálogos e assim por diante. E quando coloco o que considero o credo tradicional cristão, até mesmo os padres anglicanos levantam suas mãos e dizem, “Ah, mas não acreditamos mais nisso”.

Mas eles ainda continuam com aquele livro. O que eles acreditam agora é no amor e na humanidade e tudo isso. Eu digo a eles: bem, você acha isso nos Upanishads, em Lao-Tsé; você pode achar isso em qualquer lugar, então qual é a sua declaração? Eles continuam afirmando que são únicos. Ora, São Tomás de Aquino disse que até um grego acreditava em Deus, mas um grego não acreditava que havia um pai, um filho e um espírito santo; que o filho tornou-se homem e foi crucificado e através dessa crucificação redimiu o homem do pecado original. Coloquei isso há apenas cinco dias e o bispo Fulano de Tal disse, “Ah, mas não falamos mais assim”.Então, o que dizem? Ainda assim, eles continuam com aquela reivindicação. Estão protegendo sua fé, estão mesmo – isso é engraçado. Esse movimento ecumênico na Igreja Católica é uma piada porque estão se apegando a sua exclusividade. Estão tentando dizer, sem dizer abertamente, que você tem quer ser batizado para ser salvo – não podem dizer algo diferente e continuar sendo católicos.

O homem é redimido pelo sacrifício de Cristo; participa-se do sacrifício participando dos sacramentos, que foram fundados pelo próprio Cristo e, fora disso, “fora da igreja não há salvação”. E com relação aos protestantes, sempre me lembro do personagem Stephen Dedalus de James Joyce, que diz no final do Retrato, quando lhe perguntam “Você vai se tornar um protestante?”, e ele responde, “Perdi minha fé, mas não perdi o respeito por mim mesmo”.

labirinto de Chartres

sofia

20 Agosto 2008

Trabalho Biográfico em Minas Gerais


O Labirinto é um antigo símbolo de unicidade, que combina a imagem do círculo e da espiral com um caminho que tem um objetivo. Ele representa uma jornada ao nosso centro e de volta ao nosso mundo externo. A forma do labirinto nos faz lembrar que há um sentido na existência, e nos remete ao sentido de nossas próprias vidas.

O Grupo de Terapia Biográfica Labirinto é formado por três profissionais que buscam resgatar o sentido latente em cada existência.

* Ana Maria Lucchesi, psicóloga, psicoterapeuta e biógrafa
* Elizabeth Castilho, psicóloga, psicoterapeuta e biógrafa
* Marcelo Guerra, médico homeopata e biógrafo

Os trabalhos são realizados em regime de imersão, em locais reservados, onde os participantes podem dedicar-se a trabalhar o seu interior, para retornarem ao seu mundo renovados e modificados.

O próximo Encontro Biográfico ocorrerá perto de Belo Horizonte, no Retiro das Rosas, na estrada de Ouro Preto, de 25 a 28 de setembro. Escreva para labirinto@terapiabiografica.com.br para mais informações.

O objetivo do Trabalho Biográfico é conhecer a sua vida e percorrer os caminhos da sua própria história reconhecendo os fios que te conduziram até o momento. Através do levantamento dos fatos da sua própria vida e da leitura consciente desses fatos, você trabalhará o panorama familiar e individual desde o seu nascimento até o dia de hoje, podendo então reescrever a sua história com linhas e fios mais claros, passando pelo centro do seu próprio destino.

De dentro de sua história, e só assim, é possível você reconhecer sua missão humana e transformá-la em ação consciente no mundo.

Este trabalho será em regime de imersão, de quinta-feira à tardinha a domingo após o almoço, em lugar selecionado para instrospecção e cura.

Ministrado por:

Berenice von Rückert – Biógrafa e Socióloga, Pedagoga Social
Ana Maria Lucchesi – Psicóloga, Psicoterapeuta e Biógrafa
Marcelo Guerra – Médico Homeopata, Acupunturista e Biógrafo
Elizabeth Castilho – Psicóloga, Psicoterapeuta e Biógrafa

Valor do Trabalho: R$ 1.035,00
Forma do Acerto: para reservar sua vaga, deve ser pago adiantado o valor de R$ 345,00. O restante poderá ser pago em mais duas parcelas.

Local: Retiro das Rosas

“Destino?

Agulha no palheiro

onde o homem se procura

O tempo inteiro”

Lindolfo Bell

Cada um de nós nasce com um destino, não como um livro previamente escrito em que cada ato nosso está previsto, mas como uma missão a nós confiada. Isto faz com que a vida tenha um sentido e, muitas vezes, sofremos com angústia ou depressão por não percebê-lo claramente. Os fatos de nossas vidas estão aí para que encontremos o Fio do Destino que, junto com o nosso livre arbítrio, tece os acontecimentos tanto no nosso mundo interior quanto na nossa vida nas comunidades em que vivemos.

Este curso tem o objetivo de buscar o fio do destino de cada um, desembaraçá-lo, tecê-lo de forma diferente, mais confortável, mais de acordo com o sentido que queremos dar para nossas vidas. Para isso trabalharemos com fatos de nossas próprias vidas. Este trabalho será feito com palavras e arte, como aquarela, modelagem em argila, tricô, desenho, contos de fadas, vídeos, teatro, etc. Ninguém precisa ser artista para participar, é claro.

Muitas das questões que nos colocamos hoje são percebidas de modo diferente quando as situamos no contexto mais amplo da vida toda. A troca de experiências de vida num grupo é enriquecedora e suaviza os sentimentos ligados a essas experiências.

O curso será coordenado por Marcelo Guerra, Médico Homeopata, Terapeuta Biográfico em formação. Terá a duração de 10 encontros mensais e um novo grupo começará no Rio de Janeiro, a partir de 12 de abril de 2008. O investimento para cada módulo será de R$100,00 (já incluído o material). As vagas são limitadas e as inscrições e mais informações podem ser obtidas pelo telefone (22) 8112-4983 ou pelo e-mail marceloguerra@terapiabiografica.com.br

“Cada um hospeda dentro de si uma águia. Sente-se portador de um projeto infinito. Quer romper os limites apertados de seu arranjo existencial. Há movimentos na política, na educação e no processo de mundialização que pretendem reduzir-nos a simples galinhas, confinadas aos limites do terreiro. Como vamos dar asas à águia, ganhar altura, integrar também a galinha e sermos heróis de nossa própria saga?” (Leonardo Boff).

 >>Este artigo foi originalmente escrito para o site O Pensador Selvagem.

O Natal é a comemoração do aniversário de Jesus Cristo. Hoje este significado se diluiu muito nos apelos publicitários, e é muito mais a comemoração dos presentes e da ceia. Até aí, tudo bem, afinal estaremos comendo junto com pessoas que amamos e trocando presentes com elas. Por que precisa ser tão estressante? O primeiro motivo de estresse é a escolha do local da ceia. Alguém vai ser desagradado, porque o momento top é a ceia na noite de 24 de dezembro. Assim, quem “sobra” para o almoço ou, pior ainda, a tarde do dia 25, se sente imensamente desprestigiado. Quem é casado ou é filho de pais separados sabe bem do que estou falando.

Segundo motivo de estresse: os presentes. É preciso escolher algo que o presenteado goste e que não vá achar barato demais. (Com certeza no dia 26 tudo estará mais barato mesmo, por isso este ano eu já avisei que os presentes vão atrasar. Um pouco de cara de pau ajuda…). Eu ando pelas ruas aqui em Friburgo, no Rio ou em Niterói, e parece que todos estão fazendo as últimas compras antes do ataque nuclear. Que correria! E quando você cumpre todo aquele ritual e o presente não agrada, o presenteado sorri com aquele sorriso amarelo que você traduz como “vou passar isso adiante para o primeiro aniversariante do ano.” Como deve ser difícil fazer aniversário em janeiro…

E o aniversariante do Natal continua esquecido. Encontrei uma frase de um poeta alemão do século XVII chamado Angelus Silesius: “Mesmo se Cristo nascesse mil vezes em Belém, e não dentro de você, então você permanecerá perdido para sempre.” As preocupações com a ceia e os presentes nos afastam cada vez mais desta possibilidade de Cristo nascer dentro de nós. Elas encobrem esta dificuldade que temos de buscar o espiritual lá além da prática religiosa, além dos discursos cheios de palavras cristãs, onde encontramos nossas limitações, dúvidas e medos, ou seja, dentro de nós mesmos.

Cristo nasce dentro de nós quando resolvemos transformar nossas vidas, nosso jeito de ser, tornando concretos conceitos como “amar o próximo”, “perdoar 7×77 vezes”, “buscar as coisas do alto”, etc. Enquanto estas frases forem apenas conceitos, peças retóricas, Cristo ainda não nasceu dentro de nós.

Este ano eu resolvi colocar um pouco (pouco mesmo) mais de Cristo no meu Natal. Junto com minha mulher e minhas filhas fizemos um presépio de argila, com nossas próprias mãos, e esta vivência já foi muito importante, porque enfatiza QUEM é o homenageado. Tenho procurado ler mais sobre o assunto e tenho entrado em contato com os amigos, aqueles que eu gostaria de ter tido mais contato durante o ano e não pude. Pelo menos estou ligando para desejar feliz Natal, para saber como anda a vida deles, ao invés de passar o tempo todo olhando para meu umbigo. É pouco, muito pouco, mas é um início.

Feliz Natal para você e não se esqueça do aniversariante!

Este vídeo tem tudo a ver com o curso Tecendo Fio do Destino: